Escavações em ruínas de igreja em Extremoz buscam reconstruir história da região
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Escavações arqueológicas em Extremoz
Pesquisadores, professores e estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) iniciaram uma nova etapa de escavações arqueológicas nas ruínas da Igreja de São Miguel Arcanjo, no entorno da Lagoa de Extremoz, na Grande Natal.
O objetivo é localizar vestígios da ocupação humana no local, que remonta ao século XVII, e reconstruir a história das comunidades que viveram na região.
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As escavações começaram no dia 10 de setembro e contam com equipes do Departamento de Arqueologia da UFRN, dos campi de Natal e Caicó, além do Museu Câmara Cascudo.
O projeto tem duração prevista de dois anos e autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Nós iniciamos um projeto que tem autorização do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ele inicialmente foi proposto para dois anos, e a gente está dividindo esse projeto em duas fases. Em uma primeira fase, nós estamos concentrando nossos esforços na área da antiga Igreja de São Miguel Arcanjo e do convento”, explicou o arqueólogo Abraão Nunes, coordenador do Setor de Arqueologia do Museu Câmara Cascudo.
Pesquisadores da UFRN iniciam escavações em ruínas da Igreja de São Miguel Arcanjo em Extremoz
Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Segundo ele, os trabalhos também estão relacionados à perspectiva de um projeto de restauro com financiamento do Ministério da Cultura. “Para que esse projeto de restauro possa acontecer da maneira mais adequada possível, é necessário que as pesquisas arqueológicas sejam desenvolvidas”, disse.
Até o momento, já foram encontrados fragmentos de cerâmica, porcelana, faiança portuguesa, além de materiais construtivos, como telhas, tijolos e argamassa.
“Aqui a gente tem encontrado o material construtivo, tesoura, porcelana e faiança. Esses vestígios estão associados à ocupação histórica, como a faiança portuguesa, que pode estar relacionada ao final do século XVII e início do XVIII, e outros fragmentos que remetem ao século XIX e à primeira metade do século XX”, detalhou Abraão.
O coordenador do Departamento de Arqueologia da UFRN, Roberto Airon, destacou a importância do trabalho para a preservação do sítio. “Há uma relação de pertencimento. As pessoas que escreveram e pesquisaram sobre a história de Extremoz estão extremamente interessadas, porque é um trabalho arqueológico inédito na área das ruínas de uma antiga missão do final do século XVII”, afirmou.
De acordo com ele, a segunda fase do projeto deve mapear o entorno das ruínas e identificar outras estruturas associadas.
“Um terceiro aspecto muito importante é a questão relacionada à própria identidade indígena nesse lugar. A missão tinha como objetivo cristianizar os indígenas, mas os materiais encontrados também despertam interesse das escolas e reforçam a discussão sobre a presença indígena no Rio Grande do Norte”, completou.
O local foi ocupado no século XVII pela aldeia indígena Guajiru e, posteriormente, pelos jesuítas, que construíram a igreja e o convento como parte do processo de catequização.
Pesquisadores da UFRN iniciam escavações em ruínas da Igreja de São Miguel Arcanjo em Extremoz
Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
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