Caso Zaira: júri é cancelado após defesa do acusado abandonar plenário
03/06/2025
(Foto: Reprodução) Advogados de defesa alegaram que perguntas indeferidas eram imprescindíveis para a tese, segundo TJRN. MP defendeu que perguntas poderiam ferir dignidade da vítima. Foto1: Fórum Miguel Seabra, onde ocorria o julgamento, em Natal | Foto 2: A vítima do crime, Zaira Cruz
Foto 1: Kléber Teixeira/Inter TV Cabugi | Foto 2: Divulgação
O júri popular do sargento da Polícia Militar Pedro Inácio Araújo - acusado de estuprar e matar a universitária Zaira Cruz, de 22 anos - foi cancelado nesta terça-feira (3) após a defesa do réu abandonar o plenário do Fórum Miguel Seabra Fagundes, em Natal.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, com a saída da defesa, o Conselho de Sentença foi dissolvido e a sessão do júri deverá ser remarcada.
"A 2ª Vara Criminal de Natal deverá remanejar outras sessões para que possa realizar um novo julgamento ainda esse ano", citou em nota.
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➡️ O júri popular do Caso Zaira, como é conhecido o crime, havia começado na segunda-feira (2) e ocorria a portas fechadas. Zaira foi morta no dia 2 de março de 2019, no sábado de carnaval, em Caicó. O sargento da PM Pedro Inácio Araújo é o único acusado do crime (veja detalhes mais abaixo).
De acordo com nota do TJRN, para abandonarem a sessão "os advogados do réu alegaram cerceamento de defesa, após terem perguntas indeferidas pelo presidente da sessão e que julgavam imprescindíveis para sua tese".
"Por outro lado, o Ministério Público alegou que tais perguntas poderiam ferir a dignidade da vítima, o que foi acatado pelo magistrado", explicou o TJRN.
Após o cancelamento da sessão, o Ministério Público solicitou que sejam levantados os custos para realização do julgamento, com vistas a pedir eventual ressarcimento pela defesa do réu. O caso permanece em segredo de justiça.
O julgamento tinha previsão de durar toda a semana, com o depoimento de até 22 testemunhas até a próxima sexta-feira (6).
Caso Zaira: acusado pelo crime vai à júri
O caso
Zaira Cruz, de 22 anos, foi morta no dia 2 de março de 2019, no sábado de carnaval, no município de Caicó, na Região Seridó do Rio Grande do Norte. Ela foi encontrada sem vida dentro do carro do policial militar Pedro Inácio Araújo, que estava trancado. Foi preciso que os bombeiros abrissem o veículo.
Segundo as investigações, o PM, a vítima e mais um grupo de amigos haviam alugado uma casa para passar o carnaval em Caicó.
De acordo com a Polícia Civil, foi o próprio policial que chamou a polícia. Ele alegou que relações sexuais com Zaira e, em seguida, a deixou dormindo no carro.
Natural de Currais Novos, Zaira morava em Mossoró, onde cursava Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa).
Veja linha do tempo após a morte:
No dia 15 de março de 2019, o policial militar foi preso suspeito dos crimes de estupro e homicídio. Ele foi detido no município de Currais Novos, onde morava.
Em 26 de março de 2019, a Polícia Civil encerrou o inquérito e concluiu que Zaira foi vítima de estupro e feminicídio.
No dia 2 de abril de 2019, o policial militar foi denunciado pelo MP pela prática de homicídio triplamente qualificado, com uso de asfixia, para assegurar a ocultação de outro delito, e feminicídio. Ele cumpre prisão preventiva desde 15 de março de 2019.
A Justiça decidiu em 2021 que o caso seria levado a júri popular.
Em 2024, o Tribunal de Justiça atendeu um pedido da defesa do réu e transferiu o julgamento para Natal.
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